𝗢 𝗗𝗲𝗿𝗯𝘆 𝗲́ 𝗡𝗼𝘀𝘀𝗼 — 𝗠𝗮𝘀 𝗮 𝗟𝗲𝗶 𝗧𝗮𝗺𝗯𝗲́𝗺

O último sábado trouxe-nos um daqueles momentos que fazem pulsar o coração de qualquer amante do futebol português: 𝗼 𝗲𝘁𝗲𝗿𝗻𝗼 𝗱𝗲𝗿𝗯𝘆 𝗲𝗻𝘁𝗿𝗲 𝗕𝗲𝗻𝗳𝗶𝗰𝗮 𝗲 𝗦𝗽𝗼𝗿𝘁𝗶𝗻𝗴, disputado no Estádio da Luz. O jogo, tenso e eletrizante, terminou com um empate no marcador — mas, como já é habitual nestas ocasiões, o que se passou fora das quatro linhas também merece destaque e reflexão.
No minuto final, o que devia ser apenas o fecho de uma festa desportiva foi manchado por um gesto lamentável: 𝑢𝑚 𝑎𝑑𝑒𝑝𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑎𝑑𝑖𝑢 𝑜 𝑟𝑒𝑙𝑣𝑎𝑑𝑜 𝑒 𝑑𝑖𝑟𝑖𝑔𝑖𝑢-𝑠𝑒 𝑎𝑜𝑠 𝑎́𝑟𝑏𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑎𝑚𝑒𝑎𝑐̧𝑎𝑑𝑜𝑟𝑎. O episódio, embora rapidamente controlado, não é um simples “excesso emocional”.

É, juridicamente, uma violação grave da Lei n.º 39/2009, sobre segurança em espetáculos desportivos, podendo também configurar o crime de ameaça agravada, previsto no artigo 153.º do Código Penal.

Mas se este texto fosse apenas para assinalar o erro, perderíamos a oportunidade de olhar para o fenómeno com maturidade e alegria — porque, sim, é possível celebrar o futebol e, ao mesmo tempo, exigir responsabilidade.
𝐎 𝐝𝐞𝐫𝐛𝐲 𝐞́ 𝐮𝐦 𝐩𝐚𝐭𝐫𝐢𝐦𝐨́𝐧𝐢𝐨 𝐢𝐦𝐚𝐭𝐞𝐫𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐚 𝐧𝐨𝐬𝐬𝐚 𝐜𝐮𝐥𝐭𝐮𝐫𝐚 𝐩𝐨𝐩𝐮𝐥𝐚𝐫. 𝐌𝐨𝐛𝐢𝐥𝐢𝐳𝐚 𝐟𝐚𝐦𝐢́𝐥𝐢𝐚𝐬 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐢𝐫𝐚𝐬, 𝐞𝐧𝐜𝐡𝐞 𝐜𝐚𝐟𝐞́𝐬, 𝐞𝐬𝐜𝐨𝐥𝐚𝐬, 𝐫𝐞𝐝𝐞𝐬 𝐬𝐨𝐜𝐢𝐚𝐢𝐬 𝐞 𝐜𝐨𝐫𝐚𝐜̧𝐨̃𝐞𝐬. 𝐄́ 𝐨 𝐦𝐨𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐞𝐦 𝐪𝐮𝐞 𝐋𝐢𝐬𝐛𝐨𝐚 𝐯𝐢𝐛𝐫𝐚 𝐚 𝐝𝐮𝐚𝐬 𝐜𝐨𝐫𝐞𝐬, 𝐨𝐧𝐝𝐞 𝐨 𝐫𝐞𝐬𝐩𝐞𝐢𝐭𝐨 𝐩𝐞𝐥𝐚 𝐜𝐚𝐦𝐢𝐬𝐨𝐥𝐚 𝐜𝐨𝐧𝐯𝐢𝐯𝐞 𝐜𝐨𝐦 𝐚 𝐛𝐫𝐢𝐧𝐜𝐚𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐬𝐚𝐮𝐝𝐚́𝐯𝐞𝐥, 𝐨𝐬 𝐜𝐚̂𝐧𝐭𝐢𝐜𝐨𝐬, 𝐚𝐬 𝐩𝐫𝐨𝐯𝐨𝐜𝐚𝐜̧𝐨̃𝐞𝐬 (𝐝𝐞𝐬𝐝𝐞 𝐪𝐮𝐞 𝐝𝐞𝐧𝐭𝐫𝐨 𝐝𝐚𝐬 𝐫𝐞𝐠𝐫𝐚𝐬 𝐝𝐨 𝐣𝐨𝐠𝐨). É precisamente por tudo isto que não podemos tolerar comportamentos que desviam o jogo da paixão para o descontrolo.

Importante dizer: 𝐨 𝐚𝐝𝐞𝐩𝐭𝐨 𝐞𝐦 𝐜𝐚𝐮𝐬𝐚 𝐩𝐞𝐝𝐢𝐮 𝐝𝐞𝐬𝐜𝐮𝐥𝐩𝐚. E isso, num país com tendência para extremos, é de valorizar. Mas a emoção não suspende o dever legal nem o respeito pelos árbitros — e qualquer profissional do Direito sabe que a pedagogia e a punição têm de andar lado a lado. As sanções existem não para punir a alegria, mas para proteger o espetáculo.

O que se espera agora, na sede própria — os tribunais e o Conselho de Disciplina da Liga — é que a resposta seja firme, proporcional e exemplar. Que o Benfica, como entidade organizadora, reforce as suas medidas de segurança, e que todos os agentes do futebol percebam que o fair play não é apenas uma palavra bonita: é um dever jurídico, ético e social.
O 𝑑𝑒𝑟𝑏𝑦 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑖𝑛𝑢𝑎 𝑎 𝑠𝑒𝑟 𝑛𝑜𝑠𝑠𝑜. 𝑀𝑎𝑠 𝑠𝑜́ 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑖𝑛𝑢𝑎𝑟𝑎́ 𝑎 𝑠𝑒̂-𝑙𝑜 𝑠𝑒 𝑜 𝑠𝑜𝑢𝑏𝑒𝑟𝑚𝑜𝑠 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑚 𝑐𝑎𝑏𝑒𝑐̧𝑎 𝑓𝑟𝑖𝑎, 𝑐𝑜𝑟𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑖́𝑟𝑖𝑡𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑜𝑟𝑡𝑖𝑣𝑜. 𝐸 𝑐𝑜𝑚 𝑎 𝑙𝑒𝑖 — 𝑠𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒 — 𝑎 𝑚𝑎𝑟𝑐𝑎𝑟 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑐̧𝑎 𝑛𝑜 𝑜𝑛𝑧𝑒 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙.